Fotos e mapa: equipe Siguiendo Ballenas Argentina

Dia da Baleia-Franca (Eubalaena australis)

O Dia da Baleia-Franca foi criado em homenagem à baleia ‘Sunset’ que, em 31 de julho de 2017, visitou com seu filhote a Praia do Sol em Laguna, (SC) após ter encalhado e ser ‘devolvida’ ao mar em 2003. Uma história de superação que refletiu em toda a população! 

O nome ‘franca’ vem da tradução do inglês “right whale” (baleia certa) que, principalmente pelo seu comportamento costeiro e de natação lenta, a indicava como espécie mais fácil de se caçar. 

Graças à moratória que determinou o fim caça comercial e aos esforços contínuos de instituições de pesquisa e da sociedade civil, depois de quase extintas no litoral brasileiro, as baleias-franca-austral estão voltando a reocupar nossos mares. 

Seguindo as Francas

O Instituto Aqualie coopera desde 2014 com o projeto ‘Siguiendo Ballenas’, que usa tecnologia de ponta e diferentes metodologias para obter informações chave sobre a espécie, seu ciclo de vida, buscando promover e contribuir com medidas dedicadas à sua conservação.  

Trabalhando com telemetria satelital, coleta de biópsias, fotoidentificação e drone-monitoramento, mais de 100 baleias que habitam a Península Valdés na Argentina foram monitoradas nesses 10 anos de trabalho. O acompanhamento via satélite permitiu coletar informações sobre como as baleias utilizam os golfos do norte da Patagônia, suas velocidades e distâncias diárias de natação, além das diferentes áreas de alimentação usadas ao longo dos anos, destacando a importância de coordenar estratégias regionais para proteger as baleias em todo o seu hábitat. 

Alexandre Zerbini, membro fundador do Instituto Aqualie, e uma das maiores referências mundiais no estudo de populações de mamíferos marinhos, com destaque para o desenvolvimento e implementação de metodologias de monitoramento remoto, ressalta a importância dos estudos com as francas: “Elas são sentinelas dos oceanos e podem ser afetadas por mudanças climáticas. O uso da telemetria pode ajudar a entender diferenças de comportamento em regimes climáticos distintos como, por exemplo, entre anos com e sem El Nino. O estudo que estamos realizando representa o seguimento mais longo dessa espécie já feito”. 

No mapa de deslocamento, cada cor representa um indivíduo e as linhas mostram o trajeto feito pelas baleias.

Cooperação Internacional

Pela amplitude do habitat utilizado pelas baleias-franca, um estudo de grande escala como esse requer a colaboração de pesquisadores em várias partes do Atlântico Sul. Derivado do Plano de Gestão e Conservação da Baleia Franca Austral do Atlântico Sudoeste, estabelecido pela IWC, esse projeto é fruto da articulação e esforços de organizações governamentais, da sociedade civil e instituições acadêmicas do Brasil, Argentina e Estados Unidos. O projeto começou na Argentina, onde ocorre a maior concentração reprodutiva de baleias-franca do Atlântico Sul-Ocidental, depois se expandiu para as Ilhas Geórgia do Sul, Ilhas Malvinas/Falklands e agora para o Brasil! 

Embalados pelo sucesso do projeto de marcação da francas na Argentina, numa inciativa pioneira os Instituto Aqualie, o Instituto Australis e o GEMARS vão juntos implantar os transmissores satelitais em baleias-franca que vêm dar à luz e se reproduzir no litoral brasileiro. Entre os meses de agosto e setembro de 2024 estaremos em Imbituba (SC) juntos para, pela primeira vez, marcar os animais e desvendar quais as rotas migratórias esta população utiliza e de que forma ela interage com as outras francas do sul global. 

Pesquisa e desenvolvimento

O pioneirismo no monitoramento satelital de cetáceos no Brasil e no mundo é uma das marcas do Instituto Aqualie que, desde sua fundação em 2004, colabora com organizações privadas, universidades e o terceiro setor para desenvolver novas tecnologias para o monitoramento remoto de baleias, incluindo novos instrumentos. Zerbini explica que “além do interesse em entender os movimentos e rotas migratórias das baleias, o projeto tem um componente importante de desenvolvimento tecnológico. Nos últimos três anos, um novo transmissor satelital foi testado e aperfeiçoado e tem obtido resultados excelentes. A partir de 2024, vamos começar a desenvolver uma nova geração de transmissores satelitais, mais eficientes e miniaturizados”. 

  • Quem realiza o projeto ‘Seguiendo Ballenas’ 
  • ESCiMar (Universidad Nacional del Comahue) (@prensa_unco); 
  • National Oceanic and Atmospheric Administration (@noaa); 
  • University Davis California (@ucdavis);