Velejando pelas Toninhas
A toninha (Pontoporia blainvillei) habita ambientes costeiros ao longo das costas do Brasil, Uruguai e Argentina. Esta espécie é considerada o cetáceo mais ameaçado de extinção no Oceano Atlântico Sul Ocidental devido aos altos níveis de capturas acidentais em redes de pesca e outras ameaças. Neste projeto, levantamentos acústicos passivos em um veleiro de 40 pés foram conduzidos para investigar a distribuição desta espécie na região norte do estado do Rio de Janeiro, onde ocorre uma das populações de toninha menos conhecida.
Menor impacto ao comportamento dos cetáceos.
No mês de dezembro de 2016 e novamente em junho de 2017, uma equipe de pesquisadores do Instituto Aqualie partiu do Yacht Clube de Buzios, RJ, a bordo do veleiro Kahuna I, para estudar as toninhas.
Os veleiros são embarcações que se propulsionam através das correntes de ventos. Essa característica é bastante vantajosa em pesquisas onde a espécie alvo, como a Toninha, é sensível à embarcações mais ruidosas e tende a se evadir dos locais ou manter um comportamento ainda mais críptico, podendo comprometer certos tipos de análises.
O projeto navegou por áreas costeiras nas proximidades do Parque Nacional de Jurubatiba, RJ. O Parque foi criado principalmente para proteção do sensível ecossistema de restinga que é exuberante nessa região. Essa localidade apresenta destaque dada a ocorrência de toninha nas áreas costeiras. Porém, os limites Parque não abrange a área marinha, dessa forma não podendo atuar e coordenar diretamente estratégias para a conservação das toninhas ou defini-las no seu plano de ação.
157,36nm
89 cadeias
Um total de 157,36nm (37,33nm em 2016 e 120,03nm em 2017) de linhas acústicas foram navegadas. As gravações ocorreram durante o dia e a noite em condições de mar inferiores ou iguais a Beaufort 4. A gravação contínua foi realizada com sistema compatível (Auset®) para a gravação dos sinais pulsados (ecolocalização) de toninha que ocorrem na faixa dos 135kHz. Foram detectadas 89 cadeias de cliques de ecolocalização (32 em 2016 e 57 em 2017).
As toninhas apresentaram uma distribuição agregada em toda a área da pesquisa
Os resultados deste estudo sugerem que os levantamentos acústicos de veleiros são viáveis para avaliar a distribuição de franciscanas e podem, em um futuro próximo, fornecer uma metodologia alternativa, barata e eficaz para estimar a abundância dessa espécie.